segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fragmentos


Hoje o berimbau cantou miudinho no barracão
Fez silêncio... Olhei pra Lua
Uma Ladainha ouvi então
Meu Mestre Preto Velho me dizia
Caindo é que se levanta
É brincando que se chora
É indo embora que se fica...
Moça, olha a volta do Mundo
Ela dá voltas no coração



É tanta reticência no mesmo ponto final... Cumplice de todos os meus sertões. Melodia no barracão, ouvi a cuíca, surdo cantou, pandeiro chamou, berimbau tocou... É chuva no meu sertão... desejo devaneios do meu coração...




A música é algo assim, que dilacera minhas entranhas e me faz parir um céu cheio de estrelas... e a vida? essa grande montanha russa que pulsa, sacode, derruba, faz rir, faz chorar. Que nada diz do amanhã, apenas dança leve a flor da pele, brinca de se esconder em mim... Pardais na janela, melodias do vento, um riso louco mesmo que pouco, faz nascer um girassol em mim...



Fim de dia, o corpo moído... Do alto da Raja eu avistei a Lua e ela reinava no céu, um céu de um néon dilacerante, me lembrei de Noites Brancas de Dostoiévski, uma paz absurda invadiu meu peito, me lembrei dos amigos, da família, dos amores vividos e não vividos, então eu pensei; essa vida é mesmo uma coisa boa. Obrigada, vida, por estar viva e poder fazer parte desse Mundo...



Hoje busco um mundo colorido, de olhos nos olhos, risos francos, pés descalsos... No cair da tarde, vou ouvir passarinhos, ver o sol se esconder no infinito do mundo... que o amor me encontre, sempre de portas e janelas abertas. Pode entrar, seja bem vindo! Sua simplicidade fez música no meu sertão...