quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Pequena Egoísta


M Poulain tinha medo das pessoas
Vivia dentro de uma caixa vazia
fazia cara feia se escondia
Tinha o hábito de caminhar pela cidade
Qualquer praça, lá estava ela sozinha
Uma dor no peito ela trazia
Olhar de criança percebia
Quem a via nem acreditava
no tanto que ela se escondia...
Tinha beleza de girassol
Ouvia Beatles, devorava Bukowski
e ninguém percebia
Só criança via
Dentro daquela caixa vazia se escondia
Sonhava um sonho lindo
Não queria ter medo
Renascer num pôr do Sol
Era assim, daquele jeito aquela menina

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Grande Outro


O gigante segue a estrada comigo, homem de lata no meu mundo de Oz. Ele serpenteia minha poesia, desperta meus demônios. Grita. Peço silêncio. Imploro. Ele grita. Suas melodias são lamentos, acordes pesados. Ele grita em minhas entranhas. Estupra meu ser. Desperta. Desperta. Cansei. Parece pesadelo. Vejo uma criança distante, ela sorri, me traz uma flor. Girassol. Enfeita meu jardim. Suas canções eu sempre quis ouvir. Mas ele golpeia meu ser, dilacera o coração. Faz uma canção. Estou com frio. Às vezes adormeço em seus braços, acredito. Ilusão. O grande outro vive em mim, é minha sina. Errante. Ele é minha dor. O menino chora. Seu gigante, mais cruel que o meu. Eu amo meu gigante... A estrada continua escura, não vejo nada. Subi a colina, vejo um precipício. Quero voar. Me encontrar. Segura a minha mão. Eu sei. Eu posso voar. Vento. Orvalho. Menina. Desperta o mundo em mim. O gigante está próximo. Suspira ao meu ouvido. Dorme comigo.
Bom dia!
Sonho
Fantasia
Medo
Liberdade
O grande outro...

sábado, 7 de agosto de 2010

Poeta


Me apaixonei por um poeta
Que nehuma poesia inspirei
Poeta louca
Sou saudade. Solidão
Gaivota
Sem canção
Bem-Te-Vi me contou toda ilusão
Vou-me embora, preciso voar
Me esconder nas asas de um beija-flor
Canta aquela canção,
Passarinho bom
Sorri
Desperta o mundo em mim
Traz aquela flor do seu jardim
Sou poeta errante
Distante...
Te fiz um poema
Escuta. Olha que lindo
Vai ser agora
...
Mas, você foi embora

terça-feira, 27 de julho de 2010

Solidão



É doce
Solidão. Parece prisão
Novamente eu e Bukowski
Delírio cotidiano
Louco amor
Me bordei de flor
Fel
Seus olhos de mel
Eu quis te conhecer
Eternidade. Não deu...
Fim. Morreu. Acabou.
A mulher mais linda da cidade
Poeta marginal
Teu mundo de Gradivas
Bukowski ainda sorri pra mim
E eu sinto sua falta...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gradivas


Loucura...
Teus pensamentos são as Gradivas
Deusas de mármore e bronze
Seus corpos dourados. Gelados...
Longínquos, cristalizados
Ele Enfeitiçado,
Voa longe. Distante...
Talvez nem saiba
Do amor que tens aqui
Bem do meu lado,
Deusa de Dendê

sábado, 3 de julho de 2010

Corpo



Este corpo do meu corpo
Que se chama dor
Marca da alma
Alma do meu corpo
Corpo nu
Anoréxico
Corpo triste
Sensível
Dançante
Uma infinidade
Possibilidades
Carne barata no mercado
E a vida?
A vida pulsa...
Dança leve a flor da pele
Este é meu credo
Corpo transparente
Corpo freudiano
Inexorável
Indizivel
Dúbio
Corpo marcado
Corpo
Corpo do meu gozo
Canta. Geme. Voa... Vai além

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tu És Um Príncipe


Para ser príncipe é preciso um bocado de doçura e arte no olhar.
Ser poeta e cantador.
Os príncipes vivem por um segundo, têm um pé na terra e outro que abraça o céu. Roubam estrelas e enfeitam nosso jardim.
Para ser príncipe faz-se necessário picadeiro, trapézio e sorrisos encantados. Príncipes arrancam riso por onde passam, são mágicos, super-heróis, malabaristas.
Cospem fogo e têm abraço de trovão.
Eles caminham pela cidade, como se inebriados por alguma substância, divagam entre o êxtase e a melancolia, têm olhos que fitam o horizonte outrora esquecido.
São todos prisioneiros da ternura...
Príncipes são feitos de sonhos, sonhos doces como notas musicais. Seus cabelos, ah, seus cabelos... Cheiram a lavanda, e num segundo podemos morrer alí, entre fios que se misturam ao choro de damas da noite.
Todos os príncipes são como cavaleiros medievais. Sabem o que deseja uma mulher. E no momento lúcido dessa pergunta rara, eles nos fazem donas do nosso destino. Somos donas de seu corpo, enfeitiçados descansam no abraço infinito do nosso ser. Primeiros raios de Sol e sou tua.
Nem serva ou senhora.
Noite fria e sou tua...
Príncipe que se preze tem o corpo tatuado, nunca usa terno, nem para se casar. Pois sua núpcia é seu voo trépido sobre nosso corpo nu. Eles roubam o sossego, tiram nosso sono, excitam nosso ventre e adormecem entre nossas entranhas.
Você poderá identificar um príncipe, ao vê-lo desembainhar seus instrumentos musicais. Um acorde e tudo é música, pois eles são música, respiram música, cheiram a música.
Vá até as praças, palcos e circos. Atice o olhar, você os verá com riso de menino e ternura no falar.
Principes são Dom Quixote. Cavaleiro da Triste Figura, amante das causas perdidas.
É preciso enfrentar dragões para entender o sorriso feminino, conhecer Cervantes, fazer donzela, todas as medéias e plebéias.
Príncipe tem olhar de feiticeiro, enxerga além, vai além, sublima, se entrega em loucuras e devaneios. Ele constrói castelos de bambus.Todo príncipe é arte, tudo em seu ser é arte...
Mistério.
Desenham nossa geografia na saliva... Deslizam sobre nossa pele, roçam seus pêlos, se encostam e hipnotizam a alma.
Principes têm pelos menos um grande amigo, jamais negligenciam os ritos da amizade, levam no peito lembranças e pequenos amuletos, como Muiraquitãs da Amazônia são seus afetos.
Toda mulher devia, pelo menos uma vez na vida, conhecer um príncipe. Eles transformam pequenos momentos em lembranças indizíveis. Uma palavra; e um banco, um mercado, uma avenida tornam-se castelos encantados.
São delírio
Desejo
Descansa meu medo...
Deita no meu peito
Perfuma meu sono
Ele sorri e me tira o fôlego. Fala e me devolve o mundo. Canta e faz da vida alegria. Recita. Poesia. Cria.
Príncipe...
É o vento é a ginga. Acordes. Pardais. Ternura. Doçura. Valente. Príncipe.
Tu és um príncipe.

THE END

sábado, 19 de junho de 2010

Desejos


Dá o primeiro passo. Anda. Diz.
Sublima
Mais uma vez. Tenta. Recria menina.
Quero voar. Minhas asas encontrar.
Bom dia. Posso falar? Respira fundo.
Coração dispara. Silêncio. É sempre assim.
Grito. Hora siso. Meu riso.
Pulsa pulsa. Mais uma vez.
Feche os olhos. Acredita. Estou com sono.
Mais uma vez, o medo. Segura. Me acolhe.
Coloca no colo. Olha nos meus olhos.
Despe a minha alma. Desvenda o meu corpo.
Vai além além das palavras.
Sílabas mudas. Vogais atemporais.
Enxerga. Segura minha mão.
Vamos passear. Tem pássaros selvagens
Alma nua. Girassóis na janela lembram teu olhar
Doce menino
Deslizar na tua pele
Me encontrar
Cada centímetro. Teu cheiro. Desejo
Desejo desejo. Devaneios...

Bailarina


Vestida de música
Enfeita poesia vê o amor passar
Cabelos ao vento
Olha pra Lua indizível. Perturba teu olhar
Melodia desejo
Cheiro de flor
Brinca com as estrelas
Faz ciranda pra com seu preto dançar
Riso de menina
Mulher
Seu cheiro, seu segredo
Quem pode decifrar?
Liberdade...
Enfeitiça sua pele
A vida é pra dançar

Pulsante


É o ser que me incomoda
Aperta a minha alma
É o ser entre muros, muralhas e meus pulos
É o ser mulher
Ser amante
É o ser de ser
Ser de existir
De estar
De amar
De sorrir
De sentir
De gritar
É o ser do mundo
Ser da casa
Esse ser grávido
Ávido, pulsante...
É o ser que me embola
Quando dói, dói e dói até de alegria
É o ser...
Esse ser
De ser
Ser eu...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nasceu


Ela nasceu assim, atrasada recatada sem ter hora pra vir.
Na hora do choro grito. Desmedido. Na hora da euforia. Alegria. Pronto Cheguei. Ela se calou encolheu os braços. Não chorou. Foi assim que vim ao mundo. Sem choro, sem grito, sem riso... Parece melancolia, dor, desrazão, mas foi assim que os olhos viram a cor dessa imensidão
Ela me traz essas histórias. Menina roxinha, miudinha. Descabelada. Como sempre. Hoje ela canta , faz roda, ciranda. Não encontra. Perturba. Se pergunta. Recria. Cria. A cor. Da sua cor. Diferente. Do riso ao siso. Dos cachos aos lisos. Assumiu. Sumiu. Passou. Mas ela dança. Encanta. Pula no pula-pula. Mulher. Fala dos seus segredos. Queria ser perfeita enfeita. Sincera. Mas dói dizer que sinto saudades. Que tenho medo. Que sou insegura. Segura. Que sonho. Fantasia. Ela parece loucura, um riso que dá medo. Gargalhada que mais parece um trovão. Já ouviu? Música. Só quem conhece entende. Não quis vir ao mundo, tanto que chegou atrasada, passou da hora. Médico disse; imprestável pra vida. Ela não chorou. Sorriu. Viveu. E hoje vive vive vive ... Tudo nela é vida. Luta.
Anjo negro que desceu do céu. Em mel. Menina morena. Forte. Maria Bonita. E Lampião? Interrogação. Amores são sempre possíveis. Acredito. O mundo gira e a menina dança dança dança e dança...

domingo, 13 de junho de 2010

Calling


Tenho o estranho hábito de me esconder quando triste.
Me escondo da dor. Verdade. Enclausuro meu ser no não.
Deixa acontecer. Acontece que nunca acontece.
Meu mundinho cinza não toca ninguém.
Rapunzel de cachos. Janela. Não tem ninguém.
Vou pular. Não. Eu sei voar. Tenho asas coloridas. Filha do vento.
Sinto. Olha ali. Pulei... Não encontrei. Solidão.
Caixinha mágica. Esconderijo. Bailarina dança dança.
Calling You...

sábado, 12 de junho de 2010

Conta um sonho bom


Música
Música
Embala minha dor
Acordes
Acorda
Conta um sonho bom
Volúpia
Meu riso
Sobe
Sobe
Avenida
O Tom
Grita
Baixo
Êxtase
Meu corpo
Harrison
Melodia
Buckley
Alívio
Destino
Amor
Beatles
Música Música
Suspira
Girassol
Poesia
Turvo Desejo
Sublima
Acima em cima
Loucura
Será arte?
Silêncio...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Je t'aime


Chora.
A mulher reclama o amor não recebido. O menino, encanta meu coração. Faz festa, enfeita a minha alma, me cobre de flores. Seu riso inocente me faz querer viver, me faz esquecer.
O amor morreu sem a cor do gineceu, escrevo para as estrelas, perto da Lua, onde meus devaneios sublimam. Onde minha loucura, expulsa sua verdade. Meu delírio entregue, me faz decifrar. Minha dor se esvai, o corpo pulsa, pulsa e eu não sei do meu lugar.
Je t'aime.
Amor em Paris, tem sabor de fruta fresca, amor aqui se vai, murcha, torna-se a impossibilidade de nunca ser, para ser além, e esse além, de me ver ir, sem voos, sem flores, sempre sem...
Amor aqui é quente, se entrega, faz festa. Por amor eu faço marmita, arrumo a casa, me perfumo,tiro a roupa, desfaço a alma. Por amor eu canto ladainhas, faço prosa, leio um verso. Amor aqui é dos corpos, do suor, cheiro, sabor, quentura. Meu amor também é desejo.
O que restou? Inspiração. Teclado... Hoje mesmo vou contar estrelas. Cadente. Caminhar descalça, excitar meu ventre, meu colo, me embolar no gozo. Olhar. Contar contar, tirar as máscaras, ser meu papel. Arte.
Do quarto ao lado, ouço soluços. Prazer. Acordes pesados. Melodia. Extase. Mãos que se encontram pra voar. Aqui ainda é noite, vejo bruxas malvadas, entorpecem meu olhar. Onde está o chocolate? Doce, doçura. Amargura. Fica tudo cinza. Alma. Não faz careta, tenho medo. Segura minha alma. Me deita no colo. Conta uma história. Pode ser aquela. Paris. Café. Tem chantilly. Uma cereja. Manda a bruxa embora. Estupor. Diário de bordo. Alegria. Dor. Amor em Paris.
Bonjour, mon amour

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Feiticeiro


Meu canto é pra chorar
Retalhos da vida
De não me encontrar
Meu canto é chorinho
Canto baixinho
Que não sabe carnavalizar
Não é Fevereiro
Dessa alegria
Na vida a pulsar
Esse canto de roda, batuque na mesa
E sempre profetizar
Roda a saia mulata que seu samba é bamba
Faz a ladeira festejar
Deixa a tristeza
Vem pro morro meu corpo embalar
Toque as estrelas
Faz festa nesse ninho de amar
Menina morena
Balança comigo
Já dizia o poeta “Sua cor é de ofuscar”
Do seu feitiço, o riso que me faz dançar
Samba samba crioula
Olha a roda
Vem girar tem maracatu pra te acalmar
Canta menina
Encanta meu coração
Vem nesse refrão
Me mostra sua pele
Seduz o meu corpo
Ginga comigo
Deixa a saudade
Canta a vida
Vem pro samba
Tem Angola no coração
Capoeira
Berimbau na mão
Feiticeiro cantador
É chuva no meu sertão

domingo, 23 de maio de 2010

Cidade analítica


Meu e seu
Tempestade
Análise
Não encontro caminho...
A cidade triste sombria entorpece meu olhar
Vejo assombro sem melodia
Dessa dor de nunca me encontrar
Procuro fábulas, contos
Pequenas histórias, vejo Liberdade e ainda não sei voar
Fadas coloridas tragam encanto pro meu olhar
As crianças brincam, tem festa, são palhaços
Minha alma continua a desaguar
Chuva fina
Recolhida
Onde me encontrar?
O mundo é tão grande
Eu giro giro giro...
E não sei aonde aportar
Me diz qual o seu nome...
Me mostra sua pele
Voa comigo me leva pra longe
Desce a cidade, passa Efigênia
Me acolhe
Me ensina a dançar
Tem dias que chove e eu continuo a girar...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ela



Nasci em terras fertéis
tenho gozo no sonhar
Vou a esquina
Abro a porta
Me ensina a decifrar
Subo Avenida
O balanço da máquina
Diz aonde aportar
Mundo colorido
Riso de criança
Me mostra meu lugar
Transferência analítica
A persiana que sempre abre
No meu grito a pulsar
Dilacera Minha alma
Descobre meus abismos
Despe meus segredos
Vou mais fundo nessa fuga
No esconderijo de me encontrar

terça-feira, 18 de maio de 2010

Menino Capoeira


Meu coração canta sozinho, mas não esquece o refrão
É amor no meu terreiro
Cantando Cartola no coração
Meu cantar não é mais um samba canção
Quando enredo, lembro Tom subindo Mangueira
Misturando Bossa com o povo pobre dessa nação
Ah! Essa paixão...
Já não canta sozinho tem companhia para o refrão
Canta chorinho quando calminho
Vendo seu olhar
Samba de bamba pra te tocar
Partido alto pra nosso desejo atiçar
Toca tambor de crioula pra te enfeitiçar
Vem de outros Oceanos para o berimbau tocar
Tem maracatu pra te gingar
Menino meu samba é te encontrar
Leva meu povo no azul do teu olhar

Crioula


Subiu a ladeira
Sua terra é de horror

Procurou Quilombos
Pra cantar a dor
Encontrou maldade
Entorpeceu a alma
Ficou sem amor
Hoje toca tambor
Faz batuque
Enfeitiça a roda
Canta
Desce Pedra Verde

Barracos armados
Abismo da alma
Olha por do Sol
Tem castelo
Morada nova

Olha a miséria
Bem alí...
Bate a porta
Me assalta

Morro e asfalto
Hoje ela recria a história
Poetisa a vida
Pra dançar o que passou

sábado, 15 de maio de 2010

Desatino de criança crescida


Nessas estradas de Lua cheia
Horizonte indiscreto no céu,
Acordes leves, tristes, acordes que sobem Rua do Ouro pra virar saudade
A menina dança com as estrelas e o tempo me vem de assalto
E esse coração? Suspira leve em melancólia
Será esquina de Floresta de brincadeiras pique-esconde, é esse? é esse?
Pêra, uva, maçã ou salada mista?
Não sei desse desatino, essa saudade dos tempos de menina
Cheiro de mingau, o tilintar e a fumaça da panela, as tardes no parque
Nostalgia
O peito anda caladinho sozinho como nos tempos de bailarina
Ando meio criança, deve ser esses dias de Bienal, livros infantis, de cores, de crianças a saltar, deve ser a mãe falando dentro de mim
Deve ser bobiça de criança crescida...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Meninas ou (fixação materna)


E de tanto pensar no amor, remoer a dor acabo ficando sem sabor.
Quando era pequenina me ensinaram o beabá, ser mocinha e aos mais velhos sempre respeitar.
Ficava na espreita, sempre nas esquinas, esperando um olhar. Às vezes adormecia ou fingia adormecer para quem sabe assim sentir o acalanto de qualquer mão me afagar.
E como doía a alma quando sentia frio e o dia logo amanhecia...
Doía mesmo, parecia que o coração ia rachar uma dor desgraçada que não me deixa sonhar.
E para dizer a bem da verdade, mamãe me ensinou ser boazinha, papai foi severo. Pensaram que assim, um belo futuro eu teria.
Que merda! Desculpem-me as palavras esdrúxulas, mas é isso mesmo, cansei de ser comportada e minha mãe imitar, às vezes eu quero é simplesmente desabar...
Dói-me um pouquinho a alma, só um pouquinho...
Pronto decidi chega e chega, vou crescer e ser mulher quem sabe aprender amar.
Parece difícil, não?Mas vamos lá; um, dois, três... ué, mas ainda não sou mulher!
Quantos amores me faltam perder?
Quem será o príncipe que vai me beijar quando eu fingir adormecer?
Acho melhor ficar acordada, fiquei sabendo de algumas bruxas malvadas, estão levando meus príncipes. Foi minha fada madrinha quem falou!
Calma menina, não foi bem isso que ela disse!
É você que tem medo do amor, sempre que ele chega você pula para trás, parece até bicho do mato!
Corre não menina, amor é bom, faz bem...
-MAS SE ELE SE FOR? COMO FICO?-
Fica bem. Dói um pouquinho, mas passa.
Sai da esquina, aparece na porta! Escondida assim ninguém te vê.
Nem mamãe, nem papai, muito menos esse tal de príncipe encantado... é, que às vezes, vira sapo!
Vai ter que beijar o sapo!
Mas eu queria ser WENDY , ter PETER PAN, ir para terra do nunca e aprender a sonhar...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Camélias e Amélias


Amor de fêmea deve ser assim
Como canções de ninar
Tem algo de vicio
De bicho no cio
De lua cheia e lobos a uivar
Amor de fêmea tem feitiço
Um atino
Luxúria
Bruxaria
Amor de fêmea também se despe
Desfaz-se em flor pra virar saudade
Amor de fêmea é um destempero
É brisa é vulcão...
Amor de fêmea é uma sacanagem
É um olhar que estremece
São pernas, é um aninhar entre beijos
Seios peitos desejos...
Amor de fêmea
Do gozo do corpo
De sabores
Amor de se entregar
De amar
Sem pudor
Amor de fêmea é assim...
De todas Camélias e Amélias
É verão com encanto de primavera

Grito


Da palavra não dita
Do riso medido
Da insanidade contida
De todos esses fragmentos da prosa cantada em forma de vida.
Não acredito em milagres
Acordo todos os dias e clamo por força.
A estrada sigo sozinha.
E o choro, deixo pra quando o coração puder falar.
As luzes se apagam e o Haiti grita por socorro
Grito contido, restrito, grito abaixo da linha da miséria
A terra tremeu. Partiu. Coração empobreceu...
Mas o carnaval vem chegando... Pão e circo pra macacada!
Ano de futebol, vai ser bom esquecer a política desse país de manda chuvas.
A fé? A religião? Pra quê?
Se ainda, a carne mais barata do mercado é a carne negra.
Brasil terra adorada és mãe de filhos “ingentis”
Onde estão os esquerdistas? Prestes e sua Coluna, Olga e sua força? O que é isso companheiro, vai ser bom rever... Guerra dos Farrapos, Cangaceiros de Maria Bonita e Lampião
A burguesia fede!
E a miséria mora ali.
Dessa vida, quero o conhecimento, a arte, o riso, o êxtase, o amor... Todos os fragmentos de uma vida iluminada.
Calo-me ou deixo as “bundinhas” balançarem? Fingir que mulher é artigo de decoração? Lanço-me ao mar com Luz Del Fuego.
Pra toda vulgaridade chamo Frida e todas as suas cores.
Pra poesia barata e filosofia da miséria, me arremesso à Lou, dou mãos e não solto. Chamem-me Simone, acompanhada de Sartre, por favor.
Se a história tem loirinhas pedófilas, me cantem os contos de Green, salvem a meninada!
Assim vou caminhando, esperando por Rilke, amante das palavras, ouvindo Tom, subindo Mangueira, acreditando na força da rapaziada. E como já dizia Gonzaguinha; Eu vou a luta é com essa juventude que não foge da raia a troco de nada.

sábado, 8 de maio de 2010

Perfumada


Vem menino
Vem dançar
Perfuma meu sono
Pertuba meu corpo
Tira o fôlego,
Embala meu gozo
Me ensina gingar
Arranca meu medo

Canta!

Já é madrugada
Nesse quarto. Desejo.
Azulejos rosas
Pardais na janela
Vem...
Faz festa
Meu riso
No mel do teu olhar

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Canto Sem Cor




Dor sem cor... Noite na pele escura
Pelos cafezais da pátria sujo de lama e alma pura
Pede socorro da fome e da praga que mata
Busca esperança por entre essas matas
Encontra animais selvagens que não amedrontam mais
Que o olhar dos capatazes
Assim era o negro fugindo das correntes da morte
Assim era seu canto triste nas noites da Bahia
Foram assim os capitães da areia de pés descalços pelas ruas quentes do nordeste
Hoje nosso canto não é mais em noite de Lua indiscreta brilhando no céu
A dor já não leva apenas uma cor
Negros, pardos, brancos e mulatos todos iguais em desgraça
Miséria violência
Quero quilombos pra cantar a minha dor
Cavaleiro da esperança pela Caatinga vai cantando libertando seu povo do horror
Quero quilombos pra minha dor...
O que vejo são favelas crianças queimando só mais UM pra esquecer o que não passou...
Céu escuro de concretos de monstros perversos...
O grito vem das ruas, corre pelos becos tira o desejo
Destrói utopias que nascem entre nós
Ouço tambores das senzalas, canto de negro libertando nossa voz
Zumbi alma em festa com negras feiticeiras perfumadas em flor
Cantando nas montanhas fazendo dos rios ninho de amor
Onde estão nossos quilombos?
Eles se escondem na parte alta da civilização
Quilombos barracos armados
Beira do abismo
Abismo da alma, solidão sem cor
Lembro do herói
Cantou no Palmares
Levou sua raça até onde senhor branco não entrou
Aqui em cima as cores se misturam
Dor e violência
Entorpecentes na alma
Becos escuros
Cor da minha dor
Do alto vejo estrelas, geografia sem amor
É na ladeira fazendo samba
Esquecendo o que passou...
Passou?
Canto liberto enfeita meu peito com asas coloridas tocando tambor
Ouço o som da alegria trazendo esperança nessa terra sem sabor
Morro de barracos
Quilombos de dor
Grito da guerra
Esperança e amor...




IGUALDADE PRA FALAR DE AMOR. SEM ISSO, TUDO É HIPOCRISIA E VÃ FILOSOFIA...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Escrever

Escrevo pra despir a alma para fazer-me fêmea e decifrar meu gozo...
Talvez me falte o tom da palavra e as notas do meu querer sejam surdas, surdas vogais de nunca saber o que dizer...
Então, eu escrevo pra desaguar, pra amar e me fazer entender...
Me entender
Me descobrir
Não encobrir
Escrevo pra me encontrar...