sábado, 20 de julho de 2013

Meu Desejo

Queria eu tantos desejos lhe dar Segurar leve em teu corpo Um caminho infinto, cheio de Sol lhe mostar Quisera eu querer-te tantas coisas Segredos, ao pé do ouvido lhe contar Um riso lindo que no fim da noite mesmo que findo lhe falasse de amor Quero-te em tantos devaneios noturnos absurdos Queria eu poder lher dar o mundo Mas só posso lhe ofercer meu desejo que só deseja te amar...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Buraco

a
Trago em mim voz do poeta rouca, enfim Danço em mim a falta louca e tão pouca desse gozo sem fim Nas entranhas trago sonhos Esse buraco infindável Indizivel. Pertubador. Fêmea Podem dizer que sou louca Pois vou dar um passo a frente E cantar meus devaneios, cheios de medo pudor. Me roubaram... E daí?... arrombaram uma existência Libertei meus demônios, fantasmas O grande Outro que a tanto vive em mim Podem ir pra longe que eu vou seguir A travessia. Vocês me fizeram. Hoje eu vou partir, parir, sentir, ouvir, ir.

domingo, 21 de outubro de 2012

Meio Dia

Escrever pra desaguar um rio emudecido encontrar Tantas perguntas, reticências, risos e entrelinhas... O coração dança a flor da pele Tem dia que é samba, noutros só se ouve ladainhas Preto velho no fundo do terreiro. Grita. Melodia. E a vida pulsa, louca sem dizer... Nada pra dizer O medo clama, pois não lhe ensinaram do caminho Essa alegria que me furta ao meio dia Faz um girassol nascer em mim Uma flor assim tão delicada pra dizer do sertão e do oásis que moram dentro de mim...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Conto Severino

Era quase manhã, naquela hora do dia em que a vida em nós parece morrer. De longe dava pra se ouvir o canto dos pássaros, suspiros roucos, corpos a espreguiçar. As primeiras gotas de orvalho deslizavam por sobre as folhas... O vento era suave, acariciava a serra sem machucar. O cheiro da mata se misturava ao cheiro dos dois que juntos dançaram a noite inteira, era noite severina... Em um longo instante se olharam, e era uma olhar cortante, que despe, que agarra sem precisar tocar. Atrevidos correram mata a dentro, coração pulsava, o corpo jorrava, era a vida na sua roda louca ensinando a desejar. Exaustos sorriram, e era um riso tão doce e inocente que sentiram medo. - Agora me sinto forte... - Por que tão longe? Ela quis saber. - Longe eu sinto que posso voar... Lágrimas brotaram de suas faces, pobre mulher, nunca havia visto tanta dor num mesmo olhar. Ela quis abraçar, ficar, nunca mais voltar. Desejou naquele corpo morrer, virar cachoeira, ser raio de Sol, florescer como um girassol. Cantou uma ladainha, levantou a saia e o convidou para dançar. Os pássaros puderam ouvir, era tanto assanho que do céu eles resolveram sair... Ali mesmo se amaram, no último grito disseram adeus. Ninguém mais soube daqueles dois desavergonhados. Hoje ela faz prosa, escreve pra Lua perto das estrelas. Sorri... Era cheiro de jasmim. Feiticeiro. “Lobisomen Comedor”. Quem encontrar avise aos pássaros, pois na manhã seguinte, logo cedo se reuniram. Decidiram enfim; amor que morde, arranha, amor que manha e assanha, estavam proibidos nas bandas de lá.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fragmentos


Hoje o berimbau cantou miudinho no barracão
Fez silêncio... Olhei pra Lua
Uma Ladainha ouvi então
Meu Mestre Preto Velho me dizia
Caindo é que se levanta
É brincando que se chora
É indo embora que se fica...
Moça, olha a volta do Mundo
Ela dá voltas no coração



É tanta reticência no mesmo ponto final... Cumplice de todos os meus sertões. Melodia no barracão, ouvi a cuíca, surdo cantou, pandeiro chamou, berimbau tocou... É chuva no meu sertão... desejo devaneios do meu coração...




A música é algo assim, que dilacera minhas entranhas e me faz parir um céu cheio de estrelas... e a vida? essa grande montanha russa que pulsa, sacode, derruba, faz rir, faz chorar. Que nada diz do amanhã, apenas dança leve a flor da pele, brinca de se esconder em mim... Pardais na janela, melodias do vento, um riso louco mesmo que pouco, faz nascer um girassol em mim...



Fim de dia, o corpo moído... Do alto da Raja eu avistei a Lua e ela reinava no céu, um céu de um néon dilacerante, me lembrei de Noites Brancas de Dostoiévski, uma paz absurda invadiu meu peito, me lembrei dos amigos, da família, dos amores vividos e não vividos, então eu pensei; essa vida é mesmo uma coisa boa. Obrigada, vida, por estar viva e poder fazer parte desse Mundo...



Hoje busco um mundo colorido, de olhos nos olhos, risos francos, pés descalsos... No cair da tarde, vou ouvir passarinhos, ver o sol se esconder no infinito do mundo... que o amor me encontre, sempre de portas e janelas abertas. Pode entrar, seja bem vindo! Sua simplicidade fez música no meu sertão...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Moço Faceiro


Ele chegou de mansinho
Com um samba na mão
Tocou a cuíca, jeito faceiro
Sorriso esperto
Fez chover no sertão

Cantou leve fez maracatu no coração
Repicou no pandeiro disse adeus
Agora chove no barracão

Saudade... Esse é o nosso refrão
Toca Cartola tira a paz do coração

Tambores pra festejar
Um adeus sem poder ficar
Chico pra te lembrar
Enfeitada de Clara sua nêga vai ficar

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Pausa




Uma pausa pra respirar, pausa pra sentir, pausa pra sorrir, humanamente chorar... Pausa pra ser existir, ser além, voar do precipício, pausa pra morrer com a sombra vespertina da manhã... Pausa pra cantar um samba e ouvir histórias do tambor, pausa pra fazer amor, amar com a alma, pausa com o rápido, idílio soberano do gozo, efêmero. Pausa pra aprender amar... Hoje eu quero pausa pra ouvir meus silêncios...