domingo, 23 de maio de 2010

Cidade analítica


Meu e seu
Tempestade
Análise
Não encontro caminho...
A cidade triste sombria entorpece meu olhar
Vejo assombro sem melodia
Dessa dor de nunca me encontrar
Procuro fábulas, contos
Pequenas histórias, vejo Liberdade e ainda não sei voar
Fadas coloridas tragam encanto pro meu olhar
As crianças brincam, tem festa, são palhaços
Minha alma continua a desaguar
Chuva fina
Recolhida
Onde me encontrar?
O mundo é tão grande
Eu giro giro giro...
E não sei aonde aportar
Me diz qual o seu nome...
Me mostra sua pele
Voa comigo me leva pra longe
Desce a cidade, passa Efigênia
Me acolhe
Me ensina a dançar
Tem dias que chove e eu continuo a girar...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ela



Nasci em terras fertéis
tenho gozo no sonhar
Vou a esquina
Abro a porta
Me ensina a decifrar
Subo Avenida
O balanço da máquina
Diz aonde aportar
Mundo colorido
Riso de criança
Me mostra meu lugar
Transferência analítica
A persiana que sempre abre
No meu grito a pulsar
Dilacera Minha alma
Descobre meus abismos
Despe meus segredos
Vou mais fundo nessa fuga
No esconderijo de me encontrar

terça-feira, 18 de maio de 2010

Menino Capoeira


Meu coração canta sozinho, mas não esquece o refrão
É amor no meu terreiro
Cantando Cartola no coração
Meu cantar não é mais um samba canção
Quando enredo, lembro Tom subindo Mangueira
Misturando Bossa com o povo pobre dessa nação
Ah! Essa paixão...
Já não canta sozinho tem companhia para o refrão
Canta chorinho quando calminho
Vendo seu olhar
Samba de bamba pra te tocar
Partido alto pra nosso desejo atiçar
Toca tambor de crioula pra te enfeitiçar
Vem de outros Oceanos para o berimbau tocar
Tem maracatu pra te gingar
Menino meu samba é te encontrar
Leva meu povo no azul do teu olhar

Crioula


Subiu a ladeira
Sua terra é de horror

Procurou Quilombos
Pra cantar a dor
Encontrou maldade
Entorpeceu a alma
Ficou sem amor
Hoje toca tambor
Faz batuque
Enfeitiça a roda
Canta
Desce Pedra Verde

Barracos armados
Abismo da alma
Olha por do Sol
Tem castelo
Morada nova

Olha a miséria
Bem alí...
Bate a porta
Me assalta

Morro e asfalto
Hoje ela recria a história
Poetisa a vida
Pra dançar o que passou

sábado, 15 de maio de 2010

Desatino de criança crescida


Nessas estradas de Lua cheia
Horizonte indiscreto no céu,
Acordes leves, tristes, acordes que sobem Rua do Ouro pra virar saudade
A menina dança com as estrelas e o tempo me vem de assalto
E esse coração? Suspira leve em melancólia
Será esquina de Floresta de brincadeiras pique-esconde, é esse? é esse?
Pêra, uva, maçã ou salada mista?
Não sei desse desatino, essa saudade dos tempos de menina
Cheiro de mingau, o tilintar e a fumaça da panela, as tardes no parque
Nostalgia
O peito anda caladinho sozinho como nos tempos de bailarina
Ando meio criança, deve ser esses dias de Bienal, livros infantis, de cores, de crianças a saltar, deve ser a mãe falando dentro de mim
Deve ser bobiça de criança crescida...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Meninas ou (fixação materna)


E de tanto pensar no amor, remoer a dor acabo ficando sem sabor.
Quando era pequenina me ensinaram o beabá, ser mocinha e aos mais velhos sempre respeitar.
Ficava na espreita, sempre nas esquinas, esperando um olhar. Às vezes adormecia ou fingia adormecer para quem sabe assim sentir o acalanto de qualquer mão me afagar.
E como doía a alma quando sentia frio e o dia logo amanhecia...
Doía mesmo, parecia que o coração ia rachar uma dor desgraçada que não me deixa sonhar.
E para dizer a bem da verdade, mamãe me ensinou ser boazinha, papai foi severo. Pensaram que assim, um belo futuro eu teria.
Que merda! Desculpem-me as palavras esdrúxulas, mas é isso mesmo, cansei de ser comportada e minha mãe imitar, às vezes eu quero é simplesmente desabar...
Dói-me um pouquinho a alma, só um pouquinho...
Pronto decidi chega e chega, vou crescer e ser mulher quem sabe aprender amar.
Parece difícil, não?Mas vamos lá; um, dois, três... ué, mas ainda não sou mulher!
Quantos amores me faltam perder?
Quem será o príncipe que vai me beijar quando eu fingir adormecer?
Acho melhor ficar acordada, fiquei sabendo de algumas bruxas malvadas, estão levando meus príncipes. Foi minha fada madrinha quem falou!
Calma menina, não foi bem isso que ela disse!
É você que tem medo do amor, sempre que ele chega você pula para trás, parece até bicho do mato!
Corre não menina, amor é bom, faz bem...
-MAS SE ELE SE FOR? COMO FICO?-
Fica bem. Dói um pouquinho, mas passa.
Sai da esquina, aparece na porta! Escondida assim ninguém te vê.
Nem mamãe, nem papai, muito menos esse tal de príncipe encantado... é, que às vezes, vira sapo!
Vai ter que beijar o sapo!
Mas eu queria ser WENDY , ter PETER PAN, ir para terra do nunca e aprender a sonhar...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Camélias e Amélias


Amor de fêmea deve ser assim
Como canções de ninar
Tem algo de vicio
De bicho no cio
De lua cheia e lobos a uivar
Amor de fêmea tem feitiço
Um atino
Luxúria
Bruxaria
Amor de fêmea também se despe
Desfaz-se em flor pra virar saudade
Amor de fêmea é um destempero
É brisa é vulcão...
Amor de fêmea é uma sacanagem
É um olhar que estremece
São pernas, é um aninhar entre beijos
Seios peitos desejos...
Amor de fêmea
Do gozo do corpo
De sabores
Amor de se entregar
De amar
Sem pudor
Amor de fêmea é assim...
De todas Camélias e Amélias
É verão com encanto de primavera

Grito


Da palavra não dita
Do riso medido
Da insanidade contida
De todos esses fragmentos da prosa cantada em forma de vida.
Não acredito em milagres
Acordo todos os dias e clamo por força.
A estrada sigo sozinha.
E o choro, deixo pra quando o coração puder falar.
As luzes se apagam e o Haiti grita por socorro
Grito contido, restrito, grito abaixo da linha da miséria
A terra tremeu. Partiu. Coração empobreceu...
Mas o carnaval vem chegando... Pão e circo pra macacada!
Ano de futebol, vai ser bom esquecer a política desse país de manda chuvas.
A fé? A religião? Pra quê?
Se ainda, a carne mais barata do mercado é a carne negra.
Brasil terra adorada és mãe de filhos “ingentis”
Onde estão os esquerdistas? Prestes e sua Coluna, Olga e sua força? O que é isso companheiro, vai ser bom rever... Guerra dos Farrapos, Cangaceiros de Maria Bonita e Lampião
A burguesia fede!
E a miséria mora ali.
Dessa vida, quero o conhecimento, a arte, o riso, o êxtase, o amor... Todos os fragmentos de uma vida iluminada.
Calo-me ou deixo as “bundinhas” balançarem? Fingir que mulher é artigo de decoração? Lanço-me ao mar com Luz Del Fuego.
Pra toda vulgaridade chamo Frida e todas as suas cores.
Pra poesia barata e filosofia da miséria, me arremesso à Lou, dou mãos e não solto. Chamem-me Simone, acompanhada de Sartre, por favor.
Se a história tem loirinhas pedófilas, me cantem os contos de Green, salvem a meninada!
Assim vou caminhando, esperando por Rilke, amante das palavras, ouvindo Tom, subindo Mangueira, acreditando na força da rapaziada. E como já dizia Gonzaguinha; Eu vou a luta é com essa juventude que não foge da raia a troco de nada.

sábado, 8 de maio de 2010

Perfumada


Vem menino
Vem dançar
Perfuma meu sono
Pertuba meu corpo
Tira o fôlego,
Embala meu gozo
Me ensina gingar
Arranca meu medo

Canta!

Já é madrugada
Nesse quarto. Desejo.
Azulejos rosas
Pardais na janela
Vem...
Faz festa
Meu riso
No mel do teu olhar

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Canto Sem Cor




Dor sem cor... Noite na pele escura
Pelos cafezais da pátria sujo de lama e alma pura
Pede socorro da fome e da praga que mata
Busca esperança por entre essas matas
Encontra animais selvagens que não amedrontam mais
Que o olhar dos capatazes
Assim era o negro fugindo das correntes da morte
Assim era seu canto triste nas noites da Bahia
Foram assim os capitães da areia de pés descalços pelas ruas quentes do nordeste
Hoje nosso canto não é mais em noite de Lua indiscreta brilhando no céu
A dor já não leva apenas uma cor
Negros, pardos, brancos e mulatos todos iguais em desgraça
Miséria violência
Quero quilombos pra cantar a minha dor
Cavaleiro da esperança pela Caatinga vai cantando libertando seu povo do horror
Quero quilombos pra minha dor...
O que vejo são favelas crianças queimando só mais UM pra esquecer o que não passou...
Céu escuro de concretos de monstros perversos...
O grito vem das ruas, corre pelos becos tira o desejo
Destrói utopias que nascem entre nós
Ouço tambores das senzalas, canto de negro libertando nossa voz
Zumbi alma em festa com negras feiticeiras perfumadas em flor
Cantando nas montanhas fazendo dos rios ninho de amor
Onde estão nossos quilombos?
Eles se escondem na parte alta da civilização
Quilombos barracos armados
Beira do abismo
Abismo da alma, solidão sem cor
Lembro do herói
Cantou no Palmares
Levou sua raça até onde senhor branco não entrou
Aqui em cima as cores se misturam
Dor e violência
Entorpecentes na alma
Becos escuros
Cor da minha dor
Do alto vejo estrelas, geografia sem amor
É na ladeira fazendo samba
Esquecendo o que passou...
Passou?
Canto liberto enfeita meu peito com asas coloridas tocando tambor
Ouço o som da alegria trazendo esperança nessa terra sem sabor
Morro de barracos
Quilombos de dor
Grito da guerra
Esperança e amor...




IGUALDADE PRA FALAR DE AMOR. SEM ISSO, TUDO É HIPOCRISIA E VÃ FILOSOFIA...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Escrever

Escrevo pra despir a alma para fazer-me fêmea e decifrar meu gozo...
Talvez me falte o tom da palavra e as notas do meu querer sejam surdas, surdas vogais de nunca saber o que dizer...
Então, eu escrevo pra desaguar, pra amar e me fazer entender...
Me entender
Me descobrir
Não encobrir
Escrevo pra me encontrar...