sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tu És Um Príncipe


Para ser príncipe é preciso um bocado de doçura e arte no olhar.
Ser poeta e cantador.
Os príncipes vivem por um segundo, têm um pé na terra e outro que abraça o céu. Roubam estrelas e enfeitam nosso jardim.
Para ser príncipe faz-se necessário picadeiro, trapézio e sorrisos encantados. Príncipes arrancam riso por onde passam, são mágicos, super-heróis, malabaristas.
Cospem fogo e têm abraço de trovão.
Eles caminham pela cidade, como se inebriados por alguma substância, divagam entre o êxtase e a melancolia, têm olhos que fitam o horizonte outrora esquecido.
São todos prisioneiros da ternura...
Príncipes são feitos de sonhos, sonhos doces como notas musicais. Seus cabelos, ah, seus cabelos... Cheiram a lavanda, e num segundo podemos morrer alí, entre fios que se misturam ao choro de damas da noite.
Todos os príncipes são como cavaleiros medievais. Sabem o que deseja uma mulher. E no momento lúcido dessa pergunta rara, eles nos fazem donas do nosso destino. Somos donas de seu corpo, enfeitiçados descansam no abraço infinito do nosso ser. Primeiros raios de Sol e sou tua.
Nem serva ou senhora.
Noite fria e sou tua...
Príncipe que se preze tem o corpo tatuado, nunca usa terno, nem para se casar. Pois sua núpcia é seu voo trépido sobre nosso corpo nu. Eles roubam o sossego, tiram nosso sono, excitam nosso ventre e adormecem entre nossas entranhas.
Você poderá identificar um príncipe, ao vê-lo desembainhar seus instrumentos musicais. Um acorde e tudo é música, pois eles são música, respiram música, cheiram a música.
Vá até as praças, palcos e circos. Atice o olhar, você os verá com riso de menino e ternura no falar.
Principes são Dom Quixote. Cavaleiro da Triste Figura, amante das causas perdidas.
É preciso enfrentar dragões para entender o sorriso feminino, conhecer Cervantes, fazer donzela, todas as medéias e plebéias.
Príncipe tem olhar de feiticeiro, enxerga além, vai além, sublima, se entrega em loucuras e devaneios. Ele constrói castelos de bambus.Todo príncipe é arte, tudo em seu ser é arte...
Mistério.
Desenham nossa geografia na saliva... Deslizam sobre nossa pele, roçam seus pêlos, se encostam e hipnotizam a alma.
Principes têm pelos menos um grande amigo, jamais negligenciam os ritos da amizade, levam no peito lembranças e pequenos amuletos, como Muiraquitãs da Amazônia são seus afetos.
Toda mulher devia, pelo menos uma vez na vida, conhecer um príncipe. Eles transformam pequenos momentos em lembranças indizíveis. Uma palavra; e um banco, um mercado, uma avenida tornam-se castelos encantados.
São delírio
Desejo
Descansa meu medo...
Deita no meu peito
Perfuma meu sono
Ele sorri e me tira o fôlego. Fala e me devolve o mundo. Canta e faz da vida alegria. Recita. Poesia. Cria.
Príncipe...
É o vento é a ginga. Acordes. Pardais. Ternura. Doçura. Valente. Príncipe.
Tu és um príncipe.

THE END

sábado, 19 de junho de 2010

Desejos


Dá o primeiro passo. Anda. Diz.
Sublima
Mais uma vez. Tenta. Recria menina.
Quero voar. Minhas asas encontrar.
Bom dia. Posso falar? Respira fundo.
Coração dispara. Silêncio. É sempre assim.
Grito. Hora siso. Meu riso.
Pulsa pulsa. Mais uma vez.
Feche os olhos. Acredita. Estou com sono.
Mais uma vez, o medo. Segura. Me acolhe.
Coloca no colo. Olha nos meus olhos.
Despe a minha alma. Desvenda o meu corpo.
Vai além além das palavras.
Sílabas mudas. Vogais atemporais.
Enxerga. Segura minha mão.
Vamos passear. Tem pássaros selvagens
Alma nua. Girassóis na janela lembram teu olhar
Doce menino
Deslizar na tua pele
Me encontrar
Cada centímetro. Teu cheiro. Desejo
Desejo desejo. Devaneios...

Bailarina


Vestida de música
Enfeita poesia vê o amor passar
Cabelos ao vento
Olha pra Lua indizível. Perturba teu olhar
Melodia desejo
Cheiro de flor
Brinca com as estrelas
Faz ciranda pra com seu preto dançar
Riso de menina
Mulher
Seu cheiro, seu segredo
Quem pode decifrar?
Liberdade...
Enfeitiça sua pele
A vida é pra dançar

Pulsante


É o ser que me incomoda
Aperta a minha alma
É o ser entre muros, muralhas e meus pulos
É o ser mulher
Ser amante
É o ser de ser
Ser de existir
De estar
De amar
De sorrir
De sentir
De gritar
É o ser do mundo
Ser da casa
Esse ser grávido
Ávido, pulsante...
É o ser que me embola
Quando dói, dói e dói até de alegria
É o ser...
Esse ser
De ser
Ser eu...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nasceu


Ela nasceu assim, atrasada recatada sem ter hora pra vir.
Na hora do choro grito. Desmedido. Na hora da euforia. Alegria. Pronto Cheguei. Ela se calou encolheu os braços. Não chorou. Foi assim que vim ao mundo. Sem choro, sem grito, sem riso... Parece melancolia, dor, desrazão, mas foi assim que os olhos viram a cor dessa imensidão
Ela me traz essas histórias. Menina roxinha, miudinha. Descabelada. Como sempre. Hoje ela canta , faz roda, ciranda. Não encontra. Perturba. Se pergunta. Recria. Cria. A cor. Da sua cor. Diferente. Do riso ao siso. Dos cachos aos lisos. Assumiu. Sumiu. Passou. Mas ela dança. Encanta. Pula no pula-pula. Mulher. Fala dos seus segredos. Queria ser perfeita enfeita. Sincera. Mas dói dizer que sinto saudades. Que tenho medo. Que sou insegura. Segura. Que sonho. Fantasia. Ela parece loucura, um riso que dá medo. Gargalhada que mais parece um trovão. Já ouviu? Música. Só quem conhece entende. Não quis vir ao mundo, tanto que chegou atrasada, passou da hora. Médico disse; imprestável pra vida. Ela não chorou. Sorriu. Viveu. E hoje vive vive vive ... Tudo nela é vida. Luta.
Anjo negro que desceu do céu. Em mel. Menina morena. Forte. Maria Bonita. E Lampião? Interrogação. Amores são sempre possíveis. Acredito. O mundo gira e a menina dança dança dança e dança...

domingo, 13 de junho de 2010

Calling


Tenho o estranho hábito de me esconder quando triste.
Me escondo da dor. Verdade. Enclausuro meu ser no não.
Deixa acontecer. Acontece que nunca acontece.
Meu mundinho cinza não toca ninguém.
Rapunzel de cachos. Janela. Não tem ninguém.
Vou pular. Não. Eu sei voar. Tenho asas coloridas. Filha do vento.
Sinto. Olha ali. Pulei... Não encontrei. Solidão.
Caixinha mágica. Esconderijo. Bailarina dança dança.
Calling You...

sábado, 12 de junho de 2010

Conta um sonho bom


Música
Música
Embala minha dor
Acordes
Acorda
Conta um sonho bom
Volúpia
Meu riso
Sobe
Sobe
Avenida
O Tom
Grita
Baixo
Êxtase
Meu corpo
Harrison
Melodia
Buckley
Alívio
Destino
Amor
Beatles
Música Música
Suspira
Girassol
Poesia
Turvo Desejo
Sublima
Acima em cima
Loucura
Será arte?
Silêncio...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Je t'aime


Chora.
A mulher reclama o amor não recebido. O menino, encanta meu coração. Faz festa, enfeita a minha alma, me cobre de flores. Seu riso inocente me faz querer viver, me faz esquecer.
O amor morreu sem a cor do gineceu, escrevo para as estrelas, perto da Lua, onde meus devaneios sublimam. Onde minha loucura, expulsa sua verdade. Meu delírio entregue, me faz decifrar. Minha dor se esvai, o corpo pulsa, pulsa e eu não sei do meu lugar.
Je t'aime.
Amor em Paris, tem sabor de fruta fresca, amor aqui se vai, murcha, torna-se a impossibilidade de nunca ser, para ser além, e esse além, de me ver ir, sem voos, sem flores, sempre sem...
Amor aqui é quente, se entrega, faz festa. Por amor eu faço marmita, arrumo a casa, me perfumo,tiro a roupa, desfaço a alma. Por amor eu canto ladainhas, faço prosa, leio um verso. Amor aqui é dos corpos, do suor, cheiro, sabor, quentura. Meu amor também é desejo.
O que restou? Inspiração. Teclado... Hoje mesmo vou contar estrelas. Cadente. Caminhar descalça, excitar meu ventre, meu colo, me embolar no gozo. Olhar. Contar contar, tirar as máscaras, ser meu papel. Arte.
Do quarto ao lado, ouço soluços. Prazer. Acordes pesados. Melodia. Extase. Mãos que se encontram pra voar. Aqui ainda é noite, vejo bruxas malvadas, entorpecem meu olhar. Onde está o chocolate? Doce, doçura. Amargura. Fica tudo cinza. Alma. Não faz careta, tenho medo. Segura minha alma. Me deita no colo. Conta uma história. Pode ser aquela. Paris. Café. Tem chantilly. Uma cereja. Manda a bruxa embora. Estupor. Diário de bordo. Alegria. Dor. Amor em Paris.
Bonjour, mon amour

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Feiticeiro


Meu canto é pra chorar
Retalhos da vida
De não me encontrar
Meu canto é chorinho
Canto baixinho
Que não sabe carnavalizar
Não é Fevereiro
Dessa alegria
Na vida a pulsar
Esse canto de roda, batuque na mesa
E sempre profetizar
Roda a saia mulata que seu samba é bamba
Faz a ladeira festejar
Deixa a tristeza
Vem pro morro meu corpo embalar
Toque as estrelas
Faz festa nesse ninho de amar
Menina morena
Balança comigo
Já dizia o poeta “Sua cor é de ofuscar”
Do seu feitiço, o riso que me faz dançar
Samba samba crioula
Olha a roda
Vem girar tem maracatu pra te acalmar
Canta menina
Encanta meu coração
Vem nesse refrão
Me mostra sua pele
Seduz o meu corpo
Ginga comigo
Deixa a saudade
Canta a vida
Vem pro samba
Tem Angola no coração
Capoeira
Berimbau na mão
Feiticeiro cantador
É chuva no meu sertão