quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Conto Severino
Era quase manhã, naquela hora do dia em que a vida em nós parece morrer. De longe dava pra se ouvir o canto dos pássaros, suspiros roucos, corpos a espreguiçar. As primeiras gotas de orvalho deslizavam por sobre as folhas... O vento era suave, acariciava a serra sem machucar. O cheiro da mata se misturava ao cheiro dos dois que juntos dançaram a noite inteira, era noite severina...
Em um longo instante se olharam, e era uma olhar cortante, que despe, que agarra sem precisar tocar. Atrevidos correram mata a dentro, coração pulsava, o corpo jorrava, era a vida na sua roda louca ensinando a desejar. Exaustos sorriram, e era um riso tão doce e inocente que sentiram medo.
- Agora me sinto forte...
- Por que tão longe?
Ela quis saber.
- Longe eu sinto que posso voar...
Lágrimas brotaram de suas faces, pobre mulher, nunca havia visto tanta dor num mesmo olhar.
Ela quis abraçar, ficar, nunca mais voltar. Desejou naquele corpo morrer, virar cachoeira, ser raio de Sol, florescer como um girassol.
Cantou uma ladainha, levantou a saia e o convidou para dançar.
Os pássaros puderam ouvir, era tanto assanho que do céu eles resolveram sair...
Ali mesmo se amaram, no último grito disseram adeus. Ninguém mais soube daqueles dois desavergonhados.
Hoje ela faz prosa, escreve pra Lua perto das estrelas. Sorri...
Era cheiro de jasmim. Feiticeiro. “Lobisomen Comedor”.
Quem encontrar avise aos pássaros, pois na manhã seguinte, logo cedo se reuniram.
Decidiram enfim; amor que morde, arranha, amor que manha e assanha, estavam proibidos nas bandas de lá.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário