sexta-feira, 7 de maio de 2010

Canto Sem Cor




Dor sem cor... Noite na pele escura
Pelos cafezais da pátria sujo de lama e alma pura
Pede socorro da fome e da praga que mata
Busca esperança por entre essas matas
Encontra animais selvagens que não amedrontam mais
Que o olhar dos capatazes
Assim era o negro fugindo das correntes da morte
Assim era seu canto triste nas noites da Bahia
Foram assim os capitães da areia de pés descalços pelas ruas quentes do nordeste
Hoje nosso canto não é mais em noite de Lua indiscreta brilhando no céu
A dor já não leva apenas uma cor
Negros, pardos, brancos e mulatos todos iguais em desgraça
Miséria violência
Quero quilombos pra cantar a minha dor
Cavaleiro da esperança pela Caatinga vai cantando libertando seu povo do horror
Quero quilombos pra minha dor...
O que vejo são favelas crianças queimando só mais UM pra esquecer o que não passou...
Céu escuro de concretos de monstros perversos...
O grito vem das ruas, corre pelos becos tira o desejo
Destrói utopias que nascem entre nós
Ouço tambores das senzalas, canto de negro libertando nossa voz
Zumbi alma em festa com negras feiticeiras perfumadas em flor
Cantando nas montanhas fazendo dos rios ninho de amor
Onde estão nossos quilombos?
Eles se escondem na parte alta da civilização
Quilombos barracos armados
Beira do abismo
Abismo da alma, solidão sem cor
Lembro do herói
Cantou no Palmares
Levou sua raça até onde senhor branco não entrou
Aqui em cima as cores se misturam
Dor e violência
Entorpecentes na alma
Becos escuros
Cor da minha dor
Do alto vejo estrelas, geografia sem amor
É na ladeira fazendo samba
Esquecendo o que passou...
Passou?
Canto liberto enfeita meu peito com asas coloridas tocando tambor
Ouço o som da alegria trazendo esperança nessa terra sem sabor
Morro de barracos
Quilombos de dor
Grito da guerra
Esperança e amor...




IGUALDADE PRA FALAR DE AMOR. SEM ISSO, TUDO É HIPOCRISIA E VÃ FILOSOFIA...

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